quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Parques eólicos aumentam mortalidade de aves

Portugal conta com 1360 aerogeradores espalhados de Norte a Sul. Tendo em conta um estudo desenvolvido pela Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (SPEA), por ano morrerão entre zero e 6,24 aves por aerogerador. No limite, anualmente morrerão, tendo em conta o número de máquinas instaladas em território nacional, entre 0 e 8486 aves em Portugal devido à existência de parques eólicos.
Embora os estudos existentes não sejam conclusivos, Teresa Saraiva, do grupo de trabalho focado na energia eólica e seus impactes sobre a avifauna, pertencente à SPEA, alerta que o «panorama em Portugal não é mau, quando comparado com outros países». A especialista explica que, de um modo geral, se constroem parques eólicos em sítios que «respeitam as condições naturais, com um número reduzido de máquinas e de forma espaçada». De qualquer modo, alerta, «nos últimos tempos, têm sido aprovados parques eólicos enormes, pelo que esta tendência positiva se pode inverter».
De acordo com dados disponibilizados pela SPEA, o Sul do País tem-se revelado mais mortal para as aves que chocam com os aerogeradores. No parque eólico de Fonte dos Monteiros, em Vila do Bispo, a organização estimou uma mortalidade de 55,77 a 94,56 aves por ano.
Defendendo que os parques eólicos devem ser instalados preferencialmente fora de áreas protegidas, Paulo Lucas, da Quercus, alerta para o facto de não se conhecer como é feito o controlo das medidas compensatórias. «Gostaríamos que houvesse uma entidade que fizesse o controlo absoluto destas medidas», diz.
Os impactes negativos dos parques eólicos fazem-se sentir também nas populações de morcegos. Segundo um estudo de Erin Baerwald, da Universidade do Calgary (Canadá), os morcegos têm motivos para temer as turbinas eólicas, já que o movimento das pás causa uma diminuição da pressão atmosférica, fazendo rebentar os vasos sanguíneos dos pulmões destes mamíferos.
Dos 75 morcegos dissecados no estudo, 69 apresentavam hemorragias internas. «Uma descida na pressão atmosférica ao redor das pás das turbinas é uma ameaça indetectável, e explica o grande número de fatalidades de morcegos», explica a cientista.
Não convencido com este estudo, António Sá da Costa, administrador da Enersis, uma das principais promotoras de parques eólicos em Portugal, salienta que «aparecem morcegos mortos por várias razões». Quanto ao facto de aparecerem mortos junto a parques eólicos, o responsável não se mostra surpreendido já que «vivem junto a essas áreas».

(Fonte: Tânia Nascimento)

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