terça-feira, 30 de setembro de 2008

Aldeia da Vila da Ponte aderiu à energia solar

Com pouco mais de cem habitantes e 40 painéis solares instalados, Vila da Ponte tornou-se na aldeia mais renovável do concelho e, por ventura, da região. A opção beneficia o ambiente, mas foi feita a pensar na economia.
As contas estão mais que feitas. Antes da instalação de quatro painéis solares, o professor Alcino Moura gastava cerca de três mil litros de gasóleo para aquecer a casa e ter água quente. Agora, com o sistema solar a funcionar em paralelo com a caldeira tradicional, gasta apenas mil. Ao certo, o proprietário do Restaurante Residencial a Cista só vai saber quanto vai poupar quando tiver de voltar a encher o depósito de gasóleo da caldeira. Mas, porque desde que os painéis solares estão a funcionar, o sistema anterior funciona "muito menos", acredita que a economia venha a ser significativa. Aliás, tenciona mesmo reforçar o sistema que aproveita a luz do sol.
No centro da aldeia, Maria Alves também aderiu aos painéis que transformam energia solar em água quente. "O meu é só para os banhos", explica. E dá resultado? A água sai quente? "Ai dá! Até dá para pelar as galinhas", responde. A vizinha, também Maria, mostra-se igualmente satisfeita com o investimento. Abre a torneira da cozinha para mostrar que a água sai a "escaldar". O contador instalado no local exibe mais de 70 graus.
Neste momento, na aldeia da Vila da Ponte, em Montalegre, são já 40 os painéis solares instalados. Metade são térmicos e a outra metade fotovoltaicos, ou seja, destinam-se à produção de energia que irá ser comprada pela EDP e integrada na rede de distribuição. Neste momento, Alcino Alves aguarda apenas uma última vistoria para começar a vender a energia que vai produzir a partir dos dispositivos colocados no telhado da própria casa. Entrará, assim, na restrita lista de pessoas que fazem microgeração, ou seja, consumidores que geram energia através com equipamentos de pequena escala. A inscrição nas vagas abertas pelo Governo é feita via Internet no portal "Renováveis na Hora". "Tive sorte. Mal fui aceite, o sistema fechou passados dois minutos", recorda. A quota de produção de Alcino é de 3,68 quilowatts.
Apesar dos apelos e incentivos constantes à protecção do ambiente, não foi por este motivo, nem por força da Lei (ver caixa), que a Vila da Ponte de transformou, por ventura, na aldeia com mais painéis solares por habitante. Foi graças aos apelos de um filho da terra que abriu, em Braga, uma empresa de comercialização e montagem deste tipo de sistema. João Alves decidiu começar a mostrar as vantagens dos peinéis na terra natal. Sobretudo, económicas. "Eu puxo sempre pela parte económica, mas mesmo assim não é fácil", lembra o jovem, que garante aos conterrâneos que gastem duas botijas de gás por mês, que conseguirão reaver o investimento em três anos. Para abastecer de água quente uma família de quatro pessoas, o sistema de painéis solares, instalação incluída, custa cerca de 2 mil euros. No entanto, cerca de um terço do investimento é dedutível em IRS. "É compensatório", conclui João Alves.
Menos dependente do petróleo e mais à mercê da generosidade do sol, à população da Vila da Ponte resta agora pedir que este brilhe com muita intensidade. Uma vantagem em relação às grandes cidades para que o sistema funcione melhor já tem: níveis de poluição muito inferiores.

(Fonte: Margarida Luzio)

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